É meu!
Nessa fase em que os pequenos ainda não desenvolveram a habilidade de compartilhar, é importante mediar situações de conflito e cuidar para não classificá-los como egoístas
Por Elisa Almeida França
Objetivos: ★ Ajudar o professor a administrar situações de conflitos por questões de egocentrismo, característica bem marcante da criança de Educação Infantil |
Diferenças de acordo com a idade De 0 a 3 anos A criança terá mais dificuldade em compartilhar. É interessante haver momentos de contato com materiais trazidos de casa, desde que haja também experiência com os objetos coletivos. De 4 a 6 anos A criança tem mais condições cognitivas e emocionais para compartilhar. Fica mais clara a diferença entre o material coletivo e os objetos pessoais. |
O mais importante, segundo Mônica, é que valores como a solidariedade e o respeito ao desejo do outro estejam impregnados em tudo que o professor ensina aos pequenos. E não só em determinadas atividades. Veja a seguir algumas ideias para tratar do tema no dia a dia:
Coletivos ou individuais
É fundamental deixar bem claro para a criança quais são os objetos pessoais e quais são os coletivos. "Isso permite que ela se estruture e se organize", diz Denise. Uma atividade que envolva todos nesse intuito pode ser útil. Com a fotografia de cada um, se delimita o espaço dos objetos pessoais, como a mochila e a lancheira. O material coletivo também deve ter caixas ou armários destinados só para eles.
Quando o lanche não é dividido por todos, é comum uma criança desejar o que há dentro da lancheira da outra. Diante desse impasse, o professor pode propor que a criança pegue só um pedaço, e também dê um pouquinho do seu.
É meu!
Nessa fase em que os pequenos ainda não desenvolveram a habilidade de compartilhar, é importante mediar situações de conflito e cuidar para não classificá-los como egoístas
Por Elisa Almeida França
Segundo Mônica, o professor tem de mostrar à criança que existem outras vontades além das dela. Se há duas crianças disputando um baldinho de areia, o educador deve ouvir os dois lados e questioná-los como aquilo pode ser resolvido, propondo soluções. O objetivo é envolver as crianças na resolução do problema, ao mesmo tempo em que cria um "repertório" para que futuramente elas mesmas sejam capazes de resolver seus conflitos. "Elas devem ter habilidade para negociar", explica a diretora, e é importante não haver imposição nesses momentos.
Ajudante do dia
A professora pode periodicamente eleger um aluno para tarefas como arrumar a mesa, entregar um bilhete ou buscar um material, por exemplo. "São ações que estimulam a autonomia e a cooperação", afirma a psicóloga Denise. "A situação sugerida estimulará a consciência do que é compartilhar". Para a pedagoga Maria Gruppi, também pode ser definido a cada semana um "guardião" dos objetos de uso coletivo. "Assim eles passariam a se sentir responsáveis por tudo que há na sala de aula", diz.
Companheirismo
Segundo Denise, em momentos pontuais - como quando uma criança se machuca ou passa por alguma frustração - a professora pode estimular o colega a auxiliar de alguma maneira. "Fazendo um carinho, companhia ou mesmo emprestando algo seu para amenizar a tristeza", explica. "São modelos de conduta que nos remetem a generosidade e parceria."
Jogo de tabuleiro
Com crianças de mais de 5 anos, é possível usar jogos de tabuleiro para trabalhar a noção de coletividade. As normas da dama ou do ludo, por exemplo, devem ser respeitadas por todos. E, assim, as crianças aprendem, entre outras lições, a compartilhar combinados. "Seguir regras as ajuda a viver no coletivo", diz Mônica.
Uma dica da educadora Maria Gruppi, da escola Ponto Omega, em São Paulo, é o professor criar uma biblioteca na sala, com obras doadas pelos alunos. "A cada cinco dias, as crianças devem devolver os livros que levaram e pegar outros. O exercício leva a perceber que os objetos podem ir e vir e podem ser aproveitados por todos".
Lanche conjunto
"Favorecer momentos em que o compartilhar seja algo claro e objetivo auxilia a criança a vivenciar esse comportamento", diz Denise. Um bom exemplo é o lanche coletivo - que, para a especialista, é "lúdico e atraente" em qualquer idade. "Combinar com a família o que cada criança irá trazer e motivá-la a participar da organização lhe dá o senso de compromisso com o que está para acontecer". Na "roda das frutas", uma atividade diária da Escola Projeto Vida que trata de diversos valores (como, por exemplo, a alimentação saudável), as crianças dão o que trouxeram de casa para fazer parte de uma grande salada coletiva.
A criança não aprende a compartilhar de uma hora para outra. São as experiências, juntamente com a sensação de estar sendo respeitada, que vão promover a possibilidade de esse aprendizado se estruturar.
Denise Argolo Estill, psicóloga e psicopedagoga
Créditos: Guia Prático para Professores de Educação Infantil
Denise Argolo Estill, psicóloga e psicopedagoga
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ResponderExcluirwww.quincecuentosparacrecer.blogspot.com